Autor: Cláudio Domingos
O ritmo acelerado do homem moderno, somado ao excesso
de preocupações em que ele vive mergulhado,
com contas a pagar, compromissos diversos, inúmeras
preocupações que não faziam parte
da realidade de vida do ser humano há alguns
anos atrás, certamente contribuem muitíssimo
para o aumento do stress nos dias de hoje. Entretanto,
não se pode afirmar que o stress não existisse
nos tempos dos nossos avós. Mesmo nas sociedades
primitivas, o homem tinha que se preocupar com uma série
de coisas que já não fazem parte da nossa
cultura. O homem das cavernas por exemplo também
sofria de diversos tipos de medos, fobias, depressão
e outros males, com o agravante de que naquela época
não havia nenhum dos recursos que se tem hoje.
O homem primitivo também tinha medo de não
conseguir o que comer, também tinha medo da violência,
talvez até em maior escala do que nos dias de
hoje, visto que naquela época não se dispunha
dos mecanismos legais de hoje. Podemos ter uma força
policial que não satisfaça os anseios
da sociedade, mas pelo menos dispomos de uma força
policial de quem cobrar proteção. O homem
das cavernas corria o risco constante de ser atacado
por um leão, um urso, uma cobra venenosa. A qualquer
momento podia ser expulso de sua caverna por tribos
rivais, por guerreiros nômades que chegavam de
repente.
Está comprovado que o stress é uma das
maiores causas de doenças. De acordo com um estudo
publicado pelo boletim médico New England Journal
of Medicine, dos Estados Unidos, pessoas com elevado
nível de stress têm duas vezes mais chances
de contrair gripe do que as pessoas saudáveis.
Há um certo consenso entre os cientistas de que
até o câncer se instala e se alastra com
mais facilidade nos organismos enfraquecidos por rotinas
de tensão e stress.
O Dr. Meyer Friedman no livro Type A Behavior and your
Heart (o comportamento tipo A e o seu Coração)
adverte que a maioria dos pacientes que sofreram de
ataques cardíacos, possuem complexos de "ação-emoção"
que pode ser traduzido como a doença da pressa.
São pessoas que vivem preocupadas com a hora
e que não conseguem gerenciar o tempo de forma
inteligente. Essas pessoas trabalham o tempo todo, mas
frequentemente, não conseguem desenvolver um
trabalho de qualidade, o que as força a trabalhar
ainda mais para dar conta do trabalho que parece se
acumular cada vez mais. Quanto mais trabalho fica para
fazer, mas a pessoa é obrigada a trabalhar, quanto
mais trabalha mais cansada preocupada e stressada a
pessoa fica. Em função disso, essas pessoas
ficam constatemente olhando o relógio. Ficam
acelerando seus carros toda vez que são obrigadas
a parar em um sinal de trânsito, desenvolvem um
comportamento agressivo e logo começam a sentir
os sintomas no corpo físico.
O stress como resposta aos estímulos externos
e internos em que a pessoa se defronta com alguma coisa
que ameace seu bem estar, físico, mental e emocional
é absolutamente normal. Se alguém está
caminhando em determinado lugar e vê alguém
sacar de uma arma, é natural que a pessoa tenha
uma resposta automática de susto, autodefesa,
medo e outros sintomas. Quando nossos sentidos captam
uma possível ameaça externa essa informação
percorre dois caminhos diferentes. Antes que a pessoa
possa raciocinar sobre o que está acontecendo,
a amígdala cortical (considerada o centro do
medo) recebe a informação e envia um alarme
para todo o cérebro antes que a mente consciente
possa tomar conhecimento do que está realmente
ocorrendo, provocando uma resposta imediata, muitas
vezes ridícula frente ao que está realmente
acontecendo. Uma pessoa está brincando com um
cachorrinho inofensivo de apenas dois meses de idade,
quando este ameaça morder a pessoa apenas de
brincadeira. O susto provoca uma reação
imediata obrigando a pessoa a retirar a mão com
medo de uma mordida. Alguns segundos depois a pessoa
raciocina que este temor não tem o menor fundamento,
que sua reação foi absolutamente incompatível
com a atitude amigável do cãozinho. Daniel
Goleman afirma que a amigdala funciona como alarme de
uma empresa, onde operadores estão a postos para
chamar o corpo de bombeiros, polícia, defesa
civil sempre que o sistema interno de segurança
detectar algum sinal de perigo. A amígdala envia
ainda sinais ao tronco cerebral para expor no rosto
uma expressão de medo, acelerar os batimentos
cardíacos, alterar o ritmo da respiração,
e enrijecer a musculatura, etc.
Stress pode bem ser definido como uma reação
do organismo a um stressor. Estes podem ser qualquer
qualquer coisa que provoque uma reação
das glândulas endócrinas. Stress como resposta
imediata a um stressor externo é absolutamente
normal e praticamente inevitável. O problema
é quando o stress é de origem interna,
resultado de medos, crenças, ansiedade que a
pessoa alimenta, e não consegue controlar nem
evitar.
Há dois tipos básicos de stress: eustress,
o stress agradável e salutar. Este é o
stress provocado por situações que causam
prazer. Pessoas praticam o bungee jump, que andam numa
montanha russa, o atleta que está empenhado em
ganhar uma competição, o stress causado
na comemoração da vitória. Nesses
momentos, é comum o coração disparar,
a boca ficar seca, as mãos suarem, entre outros
sintomas que não diferem muito daqueles provocados
em situações de distress.
Distress é o stress doentio, ruim para o organismo.
Quando a pessoa está constantemente exposta a
situações de medo, preocupações
constantes. Pessoas ansiosas, policiais, bombeiros,
o funcionário com medo de perder o emprego, pessoais
que vivem constantemente preocupadas com a situação
financeira, que não conseguem enxergar uma luz
no fim do túnel. Pessoas pessimistas, que acreditam
que as coisas estão piorando, pessoas que vivem
com medo da violência, que saem de casa sobressaltadas,
achando que a qualquer momento serão atacadas
na rua por algum estranho. Essas pessoas estão
sofrendo de distresse, e precisam de acompanhamento
profissional. Se não forem tratadas logo poderão
desenvolver doenças mais sérias tanto
físicas quanto emocionais e mentais.
Mulheres e distresse
Até o início do século XX o distresse
acometia mais os homens do que as mulheres. Não
que essas não enfrentassem fatores estressores.
Naquela época a mulher desempenhava um papel
doméstico, ficava em casa cuidando dos filhos,
o que era uma tarefa bastante árdua, dependendo
da realidade de cada uma. A partir dos anos 80 as mulheres
começara a ocupara dupla função,
acumulando a responsabilidade de dona de casa com a
ocupação de cargos de responsabilidade
nas empresas. Hoje já temos mulheres na posição
de grandes empresárias, deputadas, senadoras,,
além de outras funções igualmente
estressantes, como funcionárias de departamento
de pessoal, serviço militar, motoristas, policiais.
A mulher saiu de um convívio doméstico
familiar e se inseriu em um contexto que era completamente
dominado pelos homens. Houve, e em muitos casos ainda
há, muita discriminação, o que
forçou a mulher a entrar numa posição
permanente de confronto contra o homem, passando estas
a querer provar o tempo inteiro que são tão
boas quanto ou mesmo melhor do que os homens. Tudo isso,
somado a outros estressores da sociedade atual, tem
contribuído muito para o aumento do distresse
feminino. Doenças como enfarto do miocárdio,
isquemia cerebral, hipertensão , e úlceras
gástrica outras doenças psicossomáticas
são cada vez mais comum entre as mulheres.
Crianças
Nos dias de hoje, é cada vez mais comum encontrarmos
crianças com sintomas de distresse. Filhos de
pais estressados, têm maior tendência de
desenvolver sintomas de distresse. Os pais muitas vezes
não conseguem estabelecer canais de comunicações
que favoreçam o diálogo e a compreensão
dentro da família. Alguns pais desenvolvem um
relacionamento de permissividade com os filhos e quando
estes se tornam agressivos, os pais tentam impor tratamento
de choque. Querem estabelecer uma relação
de poder com os filhos, onde eles são os pais
e por isso os filhos lhes devem respeito e obediência
mas não conseguem estabelecer esta relação
de maneira inteligente, perdem o controle e começam
a gritar com as crianças, fazem ameaças
que não podem cumprir. A criança espelha
muito o comportamento dos pais. Assim, não tendo
um modelo de comportamento melhor a criança modela
o comportamento das pessoas que ela mais confia: os
pais. Além disso, o descontrole emocional dos
pais contribuem muito para o descontrole emocional das
crianças, que estão buscando nos pais
um modelo de conduta e comportamento. Além de
dá um mau exemplo para os filhos, esses pais,
tentando fazer o melhor ainda passam muito medo e insegurança
para as crianças, que por sua vez começam
a desenvolver os mesmos sintomas de distress daqueles.
A escola também tem contribuído muito
par o stress infantil. Por um lado os pais começam
a cobrar muito cedo dos filhos a obrigação
de serem excelentes alunos. A consciência de que
vivemos num mundo de alta competitividade, com escassez
de recursos dispara nos pais um mecanismo de despertar
nos filhos uma obrigação de serem inteligentes,
de aprenderem rápido e tirarem as melhores notas.
Como as escolas passam uma grande quantidade de dever
de casa, os pais são obrigados a sentar com as
crianças e ensinar a matéria que muitas
vezes não foi devidamente trabalhada em sala
de aula. Como o período que a criança
consegue prestar atenção a um determinado
assunto é muito curto, elas logo se distraem
e os pais interpretam essa distração como
falta de interesse e reagem a esse comportamento de
forma agressiva.
A professorinha não é diferente. Com trinta
alunos para tomar conta, sendo cobrada o tempo todo
pelos pais e pela escola, ela logo começa a ameaçar
as crianças. "A prova vai ser muito difícil.
Aprendendo a controlar o distress.
Algumas dicas importante podem ajudar bastante as pessoas
distressadas.
1) Tenha uma atitude positiva diante da vida e dos
acontecimentos. Não posso mudar a realidade nem
os acontecimentos, mas posso mudar a maneira como eu
recebo e ajo frente esses acontecimentos. É bem
verdade que o mundo enfrenta inúmeros problemas,
mas eu não sou o CRISTO, logo não sou
eu o salvador do mundo. Se eu fizer bem a minha parte,
já estou contribuindo bastante para uma sociedade
mais equilibrada, com mais justiça igualdade
e fraternidade.
2) Não tenha medo de nada. O medo paralisa o
raciocínio, libera uma quantidade enorme de adrenalina
é cortisol na corrente sanguínia, substâncias
responsáveis por uma infinidade de doenças.
3) Reserve um tempo para você mesmo. Leia um
livro de poesias, ousa uma boa música, vá
ao cinema, exercite-se, faça meditação.
Essas atividades liberam a endorfina e dopamina, substâncias
que causam bem estar, equlíbrio físico,
mental e emocional.
4) Aprecie as pequenas coisas da vida. Observe quanta
beleza há em uma flor, um sorriso de criança.
Ficamos tanto tempo preocupados com nossas responsabilidade
que muitas vezes não prestamos atenção
nas pequenas coisas no nosso caminho. A felicidade não
está em conseguir o que se deseja, mas em gostar
do que se tem. Se você está esperando conseguir
tudo o que deseja para ser feliz, você nunca saberá
o que é a felicidade. Recentemente li o depoimento
de uma empresária bem sucedida que apesar de
ser muito rica, só vivia doente, sofrendo de
distresse, descontrole emocional. Isto porque ela estava
sempre conseguindo tudo o que queria na vida em termos
de bens materiais, mas nunca ficava feliz com o que
tinha. Muitas pessoas afirmam que dinheiro não
traz felicidade, e é verdade. O que trás
felicidade não é dinheiro, mas amaneira
como a pessoa se relaciona como o dinheiro ou a falta
dele. .
5) Agradeça por tudo. Se você está
lendo estas palavras, você já é
uma pessoa privilegiada, diante de tantas outras que
não conseguem ver. Se alguém está
lendo par você ainda assim você consegue
ouvir. Milhões de pessoas no mundo são
surdas e mudas. Se você se achar pequeno de mais,
olhe para as formigas que percorrem distâncias
imensuráveis carregando comida para se alimentar.
Você é muito mais do que uma formiga.
6) Tenha uma vida equilibrada. Alimente-se bem. Coma
frutas, legumes, carnes brancas. Beba bastante líquidos.
Cuidado com as carnes vermelhas, o açúcar,
a cafeína. Descanse bastante mas não durma
demais. Exercite seu corpo e seu cérebro. Cuide
bem de você. Se você não o fizer,
quem o fará?
7) Faça a sua parte. Trabalhe, organize sua
vida, mas siga os conselhos de Jesus: "não
andeis preocupados com o dia de amanhã, pelo
que haveis de comer, nem pelo que haveis de vestir.
Deixa que o dia de amanhã cuidará de si
mesmo". Ninguém jamais acordou no dia de
amanhã. Você sempre acorda hoje. O passado
já se foi, o futuro ainda virá. O agora
é uma dádiva, por isso que se chama presente.
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