Crime Perfeito
Outro dia em uma reunião de coaching com um cliente de uma grande organização, o assunto do dia era “Princípio e Valores”. Estávamos falando sobre a importância dos princípios e valores dentro das organizações, como fornecem o norte, o caminho a ser seguido pelo líder, gestor, gerente, diretor, CEO. Sobre como os princípios são determinantes e indispensáveis na hora da tomada de grandes decisões; como ajudam a definir as atividades fins da empresa e ajudam o CEO a manter o foco no que é realmente importante, evitando prejuízos financeiros para a empresa, eliminando a perda de energia mental e emocional que se gasta ao se investir em um novo ramo de atividade que oferece lucro a curto prazo, mas pode reverte-se em pesadelo a médio e longo prazos.
Nesse instante o meu cliente perguntou: “E o crime perfeito? Você é fiscal de alfândega e consegue interceptar um grande contrabando. Você está sozinho com o infrator. Não há testemunhas. Ele te oferece uma alta soma de dinheiro que vai te deixar rico pela vida toda. Você nunca mais vai precisar trabalhar para ninguém. É somente você e o infrator, ninguém nunca vai saber de nada. O que fazer: seguir os princípios ou pegar essa oportunidade? ”Naturalmente, a resposta do próprio cliente a esse questionamento, à medida que aprofundamos a discussão foi: “A pessoa que tem princípios nem tem tempo a perder com esse tipo de tentações.” Princípios são princípios. Princípios e valores são fundamentais em momentos em que a pessoa se pergunta:
- Será que vale a pena seguir os meus princípios mesmo que demore anos para colher resultados que posso colher AGORA se utilizar o “jeitinho”?
- Será que vale a pena ser honesto?
- Será que vale a pena falar a verdade mesmo sobre o risco de prejuízos financeiros?
- Será que vale a pena dedicar anos da vida aos estudos e trabalho duro para colher resultados que os desonestos colhem diariamente?
- Será que vale a pena dirigir uma “Brasília Amarela”, por ser honesto, enquanto os Marcos Valérios, Dudas Mendonça, Robertos Jefferson, Josés Dirceu, Nicolaus Lalau da vida acumulam fortuna da noite pro dia, sabe Deus como?
- Será que vale a pena ser justo, ético, dedicado e íntegro?
- Será que vale a pena deixar passar a oportunidade de um crime perfeito que vai me deixar rico, com a chance de conhecer os melhores lugares do mundo, comprar os melhores carros, morar na casa dos meus sonhos e garantir uma aposentadoria vitalícia ainda na flor da idade?
- Como diz o poeta: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
Além do mais, se pararmos para pensar, não existe crime perfeito. Se fosse perfeito não seria crime. Tudo o que é perfeito é belo, é divino. As coisas perfeitas não nos ameaçam tirar o sono, a não ser para cantar de felicidade, e dançar de alegria e êxtase.
Todos os nomes citados acima acreditavam que estavam cometendo um crime perfeito, e deu no que deu.
Muitos justificam a perpetuação da imoralidade e improbidade alegando que essas pessoas jamais pagaram nem pagarão pelos seus crimes. A imprensa faz um grande alarde, A VIDA DELES VIRA UM INFERNO, mas no final TUDO ACABA EM PIZZA.
Demoramos uma vida toda para construir nossa reputação, mas basta um único episódio dessa natureza para tudo ser destruído. Mesmo que tudo acabe em pizza, o desonesto sabe que nunca mais será chamado de DOUTOR FULANO pelo porteiro do prédio sem uma pinta de ironia. Saber que quem está te chamando de doutor, pode estar pensando em outros adjetivos e substantivos para te descrever, como: ladrão, pilantra, sem vergonha, canalha, desavergonhado, infeliz, maldito, é um alto preço a pagar para quem tem princípios.
Vamos avaliar como ficou a vida do Nicolau Lalau depois que foi descoberto o seu esquema de desvio de dinheiro público. Um Juiz como ele, pessoa influente, respeitado por todos, passar por todo aquele constrangimento. A filha dele passando fome porque não tinha dinheiro nem para comprar comida depois que os bens da família foram bloqueados. Sem mencionar as humilhações que toda a família passou ao ser chamada de filha do lalau, esposa do lalau.
Ele mesmo, que esbanjava saúde, sorrisos e vitalidade nas reportagens exibidas no programa Globo Repórter, adoeceu, foi preso, passou a viver uma vida muito infeliz. Em resumo, sua vida virou um inferno.
Quem lembra do policial federal que matou o Armador Grego para ficar com o dinheiro que ele trazia. O nome dele É José Carlos, e cumpriu mais de vinte anos de cadeia, sem guardar um único centavo, além de ser expulso da Polícia Federal.
Crime perfeito... Nada que é perfeito se chama crime.
A pessoa de princípios sabe que mais cedo ou mais tarde vai conseguir realizar os seus sonhos, alcançar suas metas e ultrapassar todos os limites que ela estabelecer par si. E o mais importante de tudo, sempre dormirá tranqüila, pois sabe que não está cercada de inimigos e não está preocupada com o momento em que os seus crimes serão descobertos.